"O cenário mudou, o contexto é outro e a minha responsabilidade primeira e maior como líder do partido, e isso não vai mudar nas próximas semanas, é ser o cabeça de lista do Chega às eleições Legislativas", afirmou André Ventura.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o líder do Chega indicou que se vai "reunir com os órgãos do partido na próxima semana" para "tomar uma decisão sobre isso", o que poderá acontecer ainda antes da reunião do Conselho Nacional - órgão máximo entre congressos - agendada para domingo, dia 16 de março.
"Tenho a perfeita noção de que o calendário político se alterou. O primeiro objetivo, o grande objetivo do Chega, o objetivo mais importante de um partido é transformar o país, alterar o país, e isso consegue-se maioritariamente por via da composição do Parlamento", defendeu.
André Ventura saudou também a decisão do Presidente da República de "não querer prolongar o país numa crise política durante muito tempo" e reiterou que, na terça-feira, o partido votará contra a moção de confiança apresentada pelo Governo, defendendo que "o primeiro-ministro não tem condições de governabilidade, está sob suspeita e tem de sair" e que "se não sair, tem que ser o povo português a mostrar-lhe a porta".
"Se o PS acha que pode voltar atrás, ou fazer aqui algum cálculo político, como fez no orçamento, isso já é uma questão com o PS, não é uma questão connosco", afirmou.
Sobre a possibilidade de ser nomeado outro primeiro-ministro, evitando novas eleições, o presidente do Chega disse que "seria, em abstrato, uma solução possível", mas "deixa de ser viável" quando o Presidente da República "o impediu" anteriormente, nomeadamente na última legislatura, após a demissão do então primeiro-ministro António Costa.
"Se o permitisse [agora], ficaria como um Presidente que para o PSD teve uma decisão, mas para o PS teve outra", disse, considerando que "devolver a palavra ao povo é a única hipótese que temos para resolver isto".
Sobre o apelo do candidato presidencial Luís Marques Mendes, que pediu ao Presidente da República para fazer uma "última tentativa" junto do primeiro-ministro e do PS para evitar eleições, Ventura considerou que "não há nada pior do que manter um primeiro-ministro sob suspeita, sob condicionamento, e que ele próprio reconheceu que já não tem capacidade de ação política e que se ficasse mais um ano e meio iria ficar condicionado".
O presidente do Chega disse que o antigo líder do PSD "ancorou-se em cima do Governo e agora não sabe o que é que há de fazer" e considerou que Marques Mendes "deve estar desejoso de pôr o Governo a andar e de se desligar de Luís Montenegro".
Nesta declaração aos jornalistas, Ventura referiu-se igualmente à decisão do parlamento de confirmar a reposição de 302 freguesias agregadas durante a reforma administrativa de 2013, após o veto do Presidente da República.
As bancadas da IL e do Chega votaram contra (depois de em janeiro o partido de André Ventura ter optado pela abstenção), enquanto as restantes votaram favoravelmente.
André Ventura criticou esta decisão a "poucos meses" de eleições autárquicas, que deverão ser em setembro, e considerou que "é puro tachismo e puro calculismo político", além de uma "afronta" a Marcelo Rebelo de Sousa.
[Notícia atualizada às 20h06]
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