O avião efetuava a 25 de dezembro a ligação entre Baku, capital do Azerbaijão, e Grozny, capital da república russa da Chechénia, no Cáucaso.
O voo 8243 despenhou-se do outro lado do mar Cáspio, perto de Aktau, no Cazaquistão, longe do seu destino original, matando 38 das 67 pessoas a bordo.
O presidente azeri, Ilham Aliev, apesar de manter relações próximas com Moscovo, acusou a Rússia de "dissimulação" e afirmou que o avião tinha sido abatido por engano, por fogo da defesa antiaérea russa.
As caixas negras do avião, da construtora aeronáutica brasileira Embraer, foram inicialmente entregues ao Brasil para serem analisadas com a participação de especialistas azeris, russos e cazaques, antes de serem reenviadas para o Cazaquistão.
O relatório preliminar, hoje divulgado pelo Ministério dos Transportes do Cazaquistão, país da Ásia central também aliado da Rússia, não indica a causa do acidente.
O documento, muito aguardado, cita muitos "danos" de várias dimensões e formas em diferentes partes do aparelho, nomeadamente na fuselagem e na asa e no motor esquerdos.
O avião foi provavelmente danificado por "objetos externos" de natureza não-especificada, segundo o relatório.
Serão efetuadas "investigações e peritagens" para determinar a natureza e a origem de tais danos, indica o documento de 53 páginas.
A divulgação destes resultados deveria ter ocorrido no final de janeiro, o mais tardar 30 dias após o acidente, mas foi adiada.
O Cazaquistão é próximo da Rússia, mas tem boas relações com o Azerbaijão, ambos antigas repúblicas soviéticas.
Aliev apelou à Rússia para admitir os factos, o que Moscovo até agora não fez.
O Presidente russo, Vladimir Putin, limitou-se a apresentar um vago pedido de desculpas e a admitir que, no dia do acidente, tinha sido disparado fogo de defesa antiaérea, mas sem afirmar que tal tinha provocado a catástrofe.
Vários especialistas em aviação e militares tinham aventado a hipótese de ataque por um sistema antiaéreo, com imagens que mostravam buracos característicos na fuselagem do avião, fazendo lembrar o despenhamento do voo MH17.
Esse voo da Malaysia Airlines, que partiu de Amesterdão, foi abatido em julho de 2014 por um míssil antiaéreo russo BUK sobre território ucraniano controlado pelos rebeldes separatistas pró-russos, matando as 298 pessoas que seguiam a bordo.
A Rússia sempre negou esta versão dos factos, apesar de os investigadores terem comprovado que o sistema de mísseis BUK tinha sido transferido para os separatistas russos na Ucrânia.
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