O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, nomeou hoje o britânico Ian Martin para realizar esta avaliação do mandato da agência no atual contexto de "restrições políticas, financeiras, de segurança e outras", disse Stéphane Dujarric, numa alusão às limitações impostas por Israel, que acusa a UNRWA de falta de parcialidade no conflito na Faixa de Gaza.
Até meados de junho, este trabalho terá de "identificar opções de ação para os Estados-membros e/ou as Nações Unidas".
A revisão está a ser realizada no âmbito da iniciativa UN80, lançada em março para tornar as Nações Unidas "mais eficientes", num contexto de dificuldades financeiras crónicas, agravadas pelos cortes dos Estados Unidos nos programas de ajuda internacional.
Nem todas as agências da ONU devem estar sujeitas a esta avaliação estratégica individualmente, mas "a UNRWA opera num ambiente único", particularmente na Faixa de Gaza, comentou Stéphane Dujarric.
"Queremos ver como a UNRWA pode trabalhar melhor e servir melhor as comunidades que dela dependem", acrescentou, ressalvando que o mandato da agência não será questionado.
A UNRWA foi criada por uma resolução da Assembleia-Geral da ONU em 1949, após o primeiro conflito israelo-árabe, logo após a criação de Israel em maio de 1948.
Na ausência de uma resolução para o conflito israelo-palestiniano, a organização tem prestado, há mais de sete décadas, assistência vital aos refugiados palestinianos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia ocupada, no Líbano, na Síria e na Jordânia.
No enclave palestiniano, devastado por 16 meses de guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas, a agência é considerada pela ONU, pela maioria dos Estados-membros e outras organizações como a espinha dorsal da ajuda humanitária à população.
No entanto, Israel, que cortou todos os contactos com a agência no final de janeiro, acusa-a de servir de cobertura ao Hamas e acusou 19 dos seus 13 mil funcionários na Faixa de Gaza de estarem diretamente envolvidos nos ataques do grupo radical em 07 de outubro de 2023 em solo israelita que desencadearam o atual conflito.
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