A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) criticou, esta sexta-feira, o silêncio do Governo relativamente às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a todo o mundo, dizendo que "Governo tem de dizer o que é que pensa" sobre o assunto.
Em declarações aos jornalistas, em Lisboa, Mariana Mortágua referiu que "há um outro assunto que está a preocupar os portugueses", referindo-se à guerra comercial imposta por Trump.
"Donald Trump lançou uma guerra comercial [...], sem qualquer razão, contra o mundo, uma guerra que só quer mostrar o seu poder de dominação, impondo tarifas arbitrárias e sem nenhuma racionalidade ao resto do mundo, à Europa e, também, a Portugal", afirmou.
E continuou: "As tarifas impostas por Trump, que eram esperadas, vão afetar a economia portuguesa, vão afetar a indústria portuguesa, as exportações portuguesas, o emprego em Portugal. E o Governo português está calado, não diz nada".
"[O Governo] Não preparou nada e não consegue dizer uma palavra porque, no fundo, sabemos como Trump ia piscando o olho à Direita em Portugal, como o Chega é aliado do Trump nos Estados Unidos, como muito do PSD, entre o Trump e os democratas, preferia um Trump e esse apoio leva o Governo português à paralisação total perante um ataque comercial como nunca vimos", notou.
A líder do Bloco de Esquerda sublinhou ainda que o "Governo tem de dizer o que é que pensa sobre estas tarifas e como é que se vai defender", acrescentando que também a União Europeia tem de o fazer, dizendo como "vai proteger a indústria, proteger a economia portuguesa".
"A União Europeia tem tido uma posição medíocre perante os ataques de Donald Trump e o Governo português também", salientou Mariana Mortágua.
Interrogada se acha que a UE deveria retaliar às tarifas dos Estados Unidos, Mariana Mortágua advertiu que é preciso "ter cuidado com as retaliações aleatórias, porque um dos efeitos da retaliação é que elas podem tender a aumentar os preços e, portanto, a inflação".
"A UE deve retaliar, mas deve fazer uma retaliação dirigida a setores e áreas específicas, que não coloquem em causa nem provoquem uma inflação generalizada na UE. E, sobretudo, tem de ter uma estratégia industrial, para o futuro da UE e que não passe, já agora, por fazer mais armas", considerou.
De recordar que o presidente dos Estados Unidos anunciou, na quarta-feira, novas tarifas de 20% a produtos importados da União Europeia e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio. Numa tentativa de fazer crescer a indústria dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que pune os países por aquilo que disse serem anos de práticas comerciais desleais, e foram impostas pelos Estados Unidos sobre todas as importações, com sobretaxas para os países considerados particularmente hostis ao comércio.
O Ministério da Economia português anunciou que vai reunir-se na próxima semana com 16 associações empresariais de diversos setores para avaliar "o impacto e as medidas de mitigação" das tarifas anunciadas pelo Presidente dos EUA.
[Notícia atualizada às 19h54]
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